Movimento “Juntos pelo Cercal do Alentejo” reafirma vocação multicultural, turística e agrícola do município
Central fotovoltaica do Cercal em contraciclo com o combate às alterações climáticas e à proteção do património natural da região
A segunda reunião pública do movimento “Juntos pelo Cercal do Alentejo” que se realizou no passado dia 14 de agosto, no Largo dos Caeiros, no Cercal do Alentejo, reuniu cerca de duas centenas de participantes, entre os quais algumas forças politicas que se associaram à causa.
A sessão foi aberta por Joana Brito, professora de liceu nascida e criada na freguesia do Cercal, que evidenciou “o perfil multicultural desta região, que é cada vez mais procurada por estrangeiros e portugueses oriundos de outras zonas do país, para aí residirem e desenvolverem atividades agrícolas e turísticas”. Joana Brito sublinhou que “esta nova vaga de residentes contribuiu para rejuvener a população e trouxe uma dinâmica de desenvolvimento que será seguramente muito prejudicada pelo projeto da mega central fotovoltaica recentemente aprovada pela APA - Agencia Portuguesa do Ambiente”.
Por seu lado, Sergio Maraschin, géologo e residente na região há mais de 12 anos, clarificou que “o movimento “ Juntos pelo Cercal do Alentejo” nada tem contra as energias renováveis, pelo contrário, reconhece a sua inevitabilidade para a transição de fontes de energia de alto para baixo carbono. Contudo não aceita que mega centrais fotovoltaicas, negociadas sem planeamento e à revelia das populações, possam afetar todo o modo de vida de um agregado populacional, colocando em causa a sua vocação turistica e agricola e condenando o municipio à desertificação”. Salientou ainda que “o movimento está disponivel para sugerir alternativas ao modelo aprovado pela APA tendo já pedido audiência a diversos orgãos de soberania para que as suas propostas sejam ouvidas. Enfatizou que a “escala” deve se compatível com a localização e o meio em que se insere - superfícies de albufeiras, autoestradas, terras degradadas, áreas industriais em fase de desmobilização, áreas de mineração e escombreiras, pedreiras e aterros sanitários ou áreas sob tutela estatal - podem ser alternativas sustentáveis que não prejudicam as populações locais”.
Rui Amores, advogado e responsável pelo acompanhamento juridico deste movimento, salientou “que um processo com a dimensão da central fotovoltaica do Cercal não pode ser levado a cabo de costas voltadas para as populações e contra elas. Além disso, os fins não justificam os meios. A transicção energética, objectivo que qualquer pessoas com o mínimo de inteligência, deve apoiar, não pode ser feita passando por cima das actividades económicas já instaladas, alimentado-se de uma realidade demográfica que só sairá agravada se este processo for implementado e não pode ser feita através da destruição de vastas zonas que neste momento são usadas como terras agrícolas férteis” e prosseguiu “ Também será interessante demonstrar como esta Central é contra o interesse público, contrariamente àquilo que parece ser a versão oficial que tenta enfiar nas nossas cabeças a ideia do designio nacional das energias verdes e da inevitabilidade do processo. Nada é inevitável nesta vida e as populações do Cercal e não só, vão fazer uma demonstração muito clara de que não há processos inevitáveis.”
A líder do PAN, Inês de Sousa Real, fez também uma breve intervenção referindo que “ O PAN promete exercer a sua intervenção politica no sentido de acautelar que exista uma avaliação de impacto ambiental para centrais fotovoltaicas feita com critérios independentes e adequados que respeitem os interesses ambientais e das populações”
Durante toda a sessão muitos dos presentes manifestaram profunda indignação pela forma como os responsáveis da Câmara Municipal de Santiago do Cacém conduziram todo o processo, ao omitirem informação que conheciam há mais de um ano e ignorado os interesses dos munícipes. Refutaram também a forma como a APA fez “tábua rasa” de 160 pareceres negativos que recebeu de inúmeras entidades, (e que aliás reconheceu como válidos na própria Declaração de Impacto Ambiental), aprovando o projeto, com o argumento de que “se enquadra no cumprimento das principais linhas de orientação do Governo relativas ao reforço das energias renováveis, garantindo o cumprimento dos compromissos assumidos por Portugal no contexto das politicas europeias de combate às alterações climáticas”
A título de conclusão vários elementos do movimento reafirmaram que não vão admitir que a freguesia do Cercal seja sacrificada em nome de uma opção politica do Governo, ligada com a Central do Hidrogénio Verde prevista para Sines, sem que a população seja ouvida. Nesse sentido estão a promover um conjunto de iniciativas de âmbito político, judicial e junto da comunicação social para evitar que a freguesia do Cercal perca a vocação turística a agricola que sempre a caracterizou.
O projeto da central fotovoltaica promovido pela empresa Cercal Power SA, do grupo Aquila Capital, tem um investimento global previsto de 164,2 milhões de euros e uma area de implantação de 816 hectares, onde seráo instalados 553.800 painéis solares.
Sobre o movimento “ Juntos pelo Cercal do Alentejo”:
“Juntos pelo Cercal do Alentejo” é um movimento cívico e espontâneo de cidadãos residentes, empreendedores ou de alguma forma ligados à freguesia do Cercal, que se opõem ao projeto de construção da central fotovoltaica da Cercal Power na freguesia do Cercal do Alentejo. Este grupo não tem qualquer tipo de afiliação política ou partidária e move-se apenas pela defesa dos interesses da população local.
Mais informações:
· Vera Camarena – 96 7233 547
· Rui Amores - 96 3353 947
· Sérgio Maraschin – 91 5195 171
Email: juntospelocercal@gmail.com
Facebook: www.facebook.com/juntospelocercal