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Agrotec

Gestão das infestantes do arroz

Na cultura do arroz (Oryza sativa L.), realizada em constante alagamento, as infestantes que se desenvolvem, a sua densidade e correta gestão têm uma grande importância para o desenvolvimento do arroz e para a sua produção em quantidade e qualidade. O conhecimento da cultura, das infestantes e dos produtos herbicidas homologados permite relacionar estes fatores da melhor forma, atuando na parcela o mais oportunamente possível.

Lusosem gestão das infestantes do arroz

Por: Maria Dias, Pedro Pacheco, Teresa Vasconcelos, Arlindo Lima, Paulo Forte, Gonçalo Canha, Filipa Setas, Isabel Calha, Ana Monteiro

Apesar da cultura do arroz não dispensar a aplicação de herbicidas, a implementação de métodos preventivos e culturais pode levar a reduções drásticas nas densidades de infestação, sendo uma ferramenta importante a médio e longo prazo. Com a preocupação de auxiliar o orizicultor no seu planeamento e tomada de decisão, este artigo termina com a apresentação de um esquema de controlo químico para as principais infestantes, baseado nos produtos presentemente homologados, por isso, sujeito a atualizações anuais.

Nos arrozais portugueses estão identificados 68 táxones de infestantes. Os táxones que causam prejuízos significativos pertencem às famílias botânicas das poáceas, alismatáceas e ciperáceas (Vasconcelos et al., 2020). As poáceas são as mais difíceis de controlar, designadamente o arroz-bravo (Oryza sativa L. subsp. silvatica Chiappelli) e as milhãs (Echinochloa P. Beauv.).

O predomínio da monocultura e do controlo químico das infestantes levam a uma situação de elevado risco para a seleção de populações resistentes aos herbicidas. Neste domínio já foram identificadas em Portugal, populações de Echinochloa resistentes à substância ativa penoxsulame (Calha et al., 2017).

O conhecimento dos produtos herbicidas homologados, as suas doses e o conhecimento da oportunidade ideal de aplicação, relacionando os estados fenológicos do arroz e das infestantes, bem como a gestão correta da água, resulta numa intervenção mais eficaz e proveitosa.

Principais infestantes

De acordo com Kraehmer et al. (2017), prevalecem as infestantes monocotiledóneas e, dentro destas, os táxones mais frequentes e representativos são Oryza sativa subsp. silvatica, Echinochloa spp., Cyperus spp., Alisma spp. e Heteranthera spp.

As infestantes com um porte mais elevado que o arroz podem reduzir a luz disponível para a cultura até 50%, assim, interferem no crescimento, causam perdas de produtividade e quebra na qualidade do grão (Sureshkumar et al., 2016).

Os principais métodos de controlo

Os métodos de controlo diferenciam-se entre medidas indiretas, cujo objetivo principal é minimizar a introdução de sementes ou propágulos de infestantes nas parcelas de cultivo do arroz, e meios de gestão diretos realizados com o objetivo de reduzir os prejuízos

Os métodos químicos compreendem o controlo de infestantes através da aplicação de herbicidas homologados pela DGAV ou sobre os quais foram emitidas Autorizações Excecionais de Emergência (como o Loyant®, novo herbicida da CortevaT Agriscience para a cultura do arroz obtém autorização excecional para a campanha de 2020).

No controlo químico existem princípios básicos para a prevenção e mitigação de resistências, entre eles:

  • Reduzir o banco de sementes das infestantes através de diversos programas de controlo que minimizem a produção de sementes;

  • Assegurar que o herbicida seja aplicado de acordo com as recomendações do rótulo, no que respeita à dose, época de aplicação (estado de crescimento da cultura e das infestantes) e espetro florístico. Quando as misturas extemporâneas, desde que homologadas, são usadas para controlar a gama de infestantes presentes no campo, cada produto deve ser usado na quantidade específica rotulada e apropriada para as infestantes presentes;

  • Usar herbicidas com múltiplos modos de ação (MOA) que sejam eficazes contra a maioria das infestantes problemáticas ou contra aquelas mais propensas a adquirir resistência. Isto, aliado à alternância, a misturas extemporâneas e a aplicações sequenciais, pode minimizar a pressão de seleção imposta por um MOA particular e assim retardar a evolução da resistência. Recomenda-se que os herbicidas presentes nas misturas possuam eficácia e persistência semelhantes;

  • Implementar um sistema simplificado de incluir os MOA dos herbicidas no rótulo das embalagens de todos os produtos herbicidas (como o código HRAC) e realizar uma campanha de sensibilização.

Continua

Nota: Artigo publicado originalmente na Agrotec 34

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