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Agrotec

Estudo da Alltech revela que produção mundial de rações para animais está pela primeira vez em quebra desde 2010

O 9º Estudo Global sobre Alimentação Animal (Alltech Global Feed Survey 2020), realizado pela Alltech e divulgado esta semana, estima que a produção mundial de rações para animais diminuiu 1,07% em 2019, atingindo um total de 1.126 mil milhões de toneladas, uma quebra motivada em grande parte pelo surto de peste suína africana (ASF) e pelo declínio da produção de rações para suínos na região Ásia-Pacífico.

Alltech

Os nove principais países produtores de rações são os EUA, China, Brasil, Rússia, Índia, México, Espanha, Japão e Alemanha. Juntos, estes países representam 58% da produção global de rações e detêm 57% das fábricas de rações.

Alguns factos relevantes do estudo são: Portugal é um dos países onde a produção de rações para animais de estimação cresceu; na Europa a produção de rações para bovinos de leite e bovinos de carne diminuiu 4% e 3%, respetivamente, mas a produção de rações para aquicultura cresceu 7%. A China caiu da 1ª para 2ª posição mundial como produtora de rações, atrás dos EUA.

«O ano 2019 apresentou inúmeros desafios para a indústria de rações, o maior dos quais foi a peste suína africana. O impacto é visível no declínio da produção mundial de rações, bem como à escala regional, conforme mostra o nosso estudo», afirmou Dr. Mark Lyons, presidente e CEO da Alltech, que apresentou os resultados do estudo numa emissão em direto na web a partir da sede da Alltech no Kentucky, EUA. «Se por um lado a produção de rações para suínos diminui nos países afetados, notamos um aumento da produção de rações para outras espécies animais e em países não afetados (pela ASF), e um crescimento das exportações. Os prejuízos causados pela ASF terão implicações a longo prazo e estimamos que as principais fontes de proteína continuarão a mudar à medida que a nossa indústria se adapta à escassez (de matérias-primas)».

Os dados globais deste estudo, recolhidos em 145 países e cerca de 30.000 fábricas de rações, apresentam o seguinte retrato da produção mundial de rações por espécie animal em 2019: frangos 28%; porcos 24%; galinhas poedeiras 14%; bovinos leite 12%; bovinos carne 10%; outras espécies 6%; aquicultura 4%; e animais de estimação 2%. O maior crescimento ocorreu nos setores das galinhas poedeiras, frangos, aquicultura e animais de estimação.

Resultados regionais do Alltech Global Feed Survey 2020:

  • América do Norte: Os EUA são o maior produtor mundial de rações com um total estimado em 214 milhões de toneladas, das quais 61,09 MT para bovinos, 48,525 MT para frangos e 44,86 MT para porcos. A América do Norte registou um crescimento constante de 1,6% em relação a 2018. O Canadá produziu 21,6 MT.

  • América Latina: Registou um crescimento de 2,2%, para 167,9 MT. O Brasil lidera a produção de rações nesta região e é o terceiro a nível mundial, predominam as rações para frangos (32,1 MT) e porcos (17,0 MT). Brasil, México e Argentina continuam a produzir a maior parte das rações (76%) na América Latina.

  • Europa: A produção na Europa permaneceu relativamente estagnada, com um ligeiro aumento de 0,2% em relação a 2018. Os três principais países produtores de rações na Europa são Rússia (40,5 MT), Espanha (34,8 MT) e Alemanha (25,0 MT), as rações para suínos lideram nos três países. O setor das rações para ruminantes foi o mais afetado, estima-se que a produção de rações para bovinos de leite e bovinos de carne diminuiu 4% e 3%, respetivamente. Quebra que foi compensada principalmente pelo forte crescimento nas indústrias de rações para aquicultura (7%) e galinhas poedeiras (3%).

  • Ásia-Pacífico: A região Ásia-Pacífico viu a produção de rações diminuir em 5,5% em 2019, principalmente devido à peste suína africana e a grandes quebras na produção de rações para suínos. A produção de alimentos para animais na China diminuiu quase 20 MT no total, para 167,9 MT, passando a China da 1ª para 2ª posição mundial como produtora de rações, atrás dos EUA. Índia e Japão permaneceram nos nove principais países produtores de rações, com uma produção semelhante em comparação a 2018 - 39,0 MT e 25,3 MMT, respetivamente - enquanto o Vietname caiu 7%.

  • África: A África continuou em forte crescimento com um aumento de 7,5% na produção de rações, e uma evolução positiva em todas as espécies. Os cinco principais países produtores representam 75% da produção de rações de África: África do Sul, Egito, Nigéria, Marrocos e Argélia. 

A produção das principais espécies de animais

A produção de rações para suínos foi bastante impactada pela peste suína africana, com uma redução de 11%. A principal região produtora de rações para suínos continua a ser a Ásia-Pacífico, mas também sofreu o maior declínio - 26%. China (-35%), Camboja (-22%), Vietname (-21%) e Tailândia (-16%) sofreram grandes descidas. Europa, América do Norte e América Latina permaneceram relativamente estáveis ​​em comparação com o ano anterior, com um ponto percentual em ganho ou perda. Embora África seja um pequeno produtor em volume de rações para suínos, registou um grande significativo de 29%. 

No setor das rações para aves, a região Ásia-Pacífico lidera em rações para frangos (115,2 MT) e galinhas poedeiras (73,1 MT). Na América Latina, a produção total de rações para frangos foi de 60,8 MT, com o Brasil a liderar (32,1 MT), seguido do México (10,5 MT), que aumentou 11% para 7,05 MT a produção de rações para galinhas poedeiras, superando o Brasil. Na Europa, a Rússia lidera com 10,86 MT de rações para frangos, de um total de 56,3 MT na região, e com 5,3 MT de rações para galinhas poedeiras, de um total de 33,5 MT na região. Na América do Norte, os EUA representam 94% das rações para frangos com 48,5 MT, enquanto a produção de rações para galinhas poedeiras aumentou em 460.000 toneladas no Canadá.

A Europa lidera a produção global de rações para bovinos de leite com 34%, seguida pela América do Norte (21,8%), Ásia-Pacífico (17,6%) e América Latina (15,3%). Os principais países produtores são Turquia (6,5 MT), Alemanha (5,2 MT), Rússia (4,2 MT), Reino Unido (3,8 MT), França (3,4 MT), Holanda (3,3. MT) e Espanha (3,2 MT). A América do Norte continua a liderar a produção global de rações para bovinos de carne com 62,3 MT, seguida pela Europa (21,9 MT) e América Latina (13,9 MT). 

No geral, as rações para aquicultura apresentaram um crescimento de 4% em relação a 2018. A Ásia-Pacífico foi a região que mais cresceu com um aumento de 1,5 MT. Os principais contribuintes foram China, Vietname e Bangladesh. A diminuição da produção na Europa deve-se sobretudo à redução do fabrico na Rússia, devido ao aumento das importações neste país.

O setor das rações para animais de estimação registou um crescimento de 4%, com os maiores aumentos na Ásia-Pacífico (10%), Europa (3%) e América Latina (6%). Por país, foram observados aumentos na China, Indonésia, Portugal, Hungria, Equador e Argentina.

Pode aceder no site da Alltech ao estudo completo.