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Agrotec

Efeito da aplicação foliar de silício na cv. Touriga franca na região demarcada do Douro

Por: Lia-Tânia Dinis1,2, Natália Mota3 Sara Bernardo1,2, António Ribeiro4 José Moutinho-Pereira1,2

1 CITAB - Centro de Investigação e Tecnologias Agroambientais e Biológicas, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

2 Inov4Agro – Instituto de Inovação, Capacitação e Sustentabilidade da Produção Agroalimentar, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

3 Mestranda em Enologia e Viticultura, Escola de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

4 CIMO – Centro de Investigação de Montanha, Instituto Politécnico de Bragança

RESUMO

O clima quente e seco constitui um enorme desafio para a viticultura portuguesa manter os seus padrões de produtividade e qualidade. A escassez de recursos hídricos é limitante para a rega, tornando essencial adotar medidas alternativas de baixo-custo e ambientalmente sustentáveis, para mitigar os efeitos negativos das mudanças climáticas. Neste estudo avaliou-se o efeito do silício na tolerância ao stresse estival na cv. Touriga Franca, numa vinha comercial na Região Demarcada do Douro. Os resultados revelaram que plantas com silício apresentaram uma taxa fotossintética superior às plantas não regadas e semelhante às plantas com rega deficitária (25% da ETc). À maturação, o tratamento com silício resultou em frutos com maiores valores de flavonóides, antocianinas, álcool provável, pH e brix°. Os resultados reforçam a ideia de que a aplicação de silício pode ajudar as plantas a tolerar o stresse estival e poderá ser uma alternativa eficaz às estratégias de rega deficitária.

INTRODUÇÃO

As projeções climáticas indicam um aumento da frequência de elevadas temperaturas e seca prolongada nas regiões de clima mediterrânico, impondo um sério desafio à indústria vinícola (Jones et al., 2005). Vários dos nossos estudos, particularmente na Região Demarcada do Douro, revelam que as condições microclimáticas podem provocar alterações genéticas bem como na fisiologia da videira e em inúmeros atributos agronómicos (Carvalho et al., 2018; Dinis et al., 2018), especialmente pela baixa disponibilidade de água e elevados níveis de radiação solar e temperatura. Temperaturas extremas (>35ºC) e acentuado défice hídrico durante o período de crescimento prejudicam gravemente a eficiência fotossintética da folha, o metabolismo do fruto e posteriormente a qualidade (Roby et al., 2004). Os metabolitos secundários são os mais envolvidos nas respostas aos stresses abióticos (Dinis et al., 2016). O metabolismo polifenólico é de extrema importância porque tem enorme impacto na qualidade das uvas. A implementação de medidas de adaptação eficazes a essas condições ambientais adversas é uma necessidade do setor. A aplicação exógena de minerais pode ser utilizada como uma das técnicas de adaptação de forma a aumentar a eficiência do uso de água e preservar ou melhorar a qualidade das uvas. As partículas de dióxido de silício (SiO2), quando aplicadas em suspensão aquosa, formam uma barreira física ou mecânica (como sílica amorfa precipitada) nas paredes celulares. Para além disso, também parece modular o metabolismo celular, aumentar as concentrações de cálcio nos tecidos vegetais e restaurar a integridade da membrana em plantas com stresse hídrico (Kaya et al., 2006).

Nota de Redação:

Artigo publicado na edição n.º 46 da Revista AGROTEC.

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