Congresso Internacional Digital Agro-food & Forestry (r)evolution marcado pela inovação e futuro
O evento, organizado conjuntamente pelo CITAB (Centro de Investigação e de Tecnologias Agroambientais e Biológicas) e pelo INESC TEC (Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência), marcou a formalização do protocolo de ajuda estabelecido pelas organizações.
Realizado entre os dias 12 e 13 de dezembro, na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), o certame ficou marcado pelas apresentações dinâmicas e com foco na inovação para o futuro dos setores agrícola e agroflorestal.
Durante a sessão de abertura, Ana Barros, diretora do CITAB, realçou o fato deste Congresso ter como objetivo formalizar a colaboração entre a sua instituição e o INESC TEC, assim como «mostrar que as novas tecnologias são extremamente importantes no setor agroalimentar e florestal».
José Carlos Caldeira, do INESC TEC, reforçou que existe um «conjunto de desafios sociais que estão a provocar uma revolução no setor agroalimentar e agroflorestal. O INESC TEC quer ter um papel ativo nesta revolução digital. É importante colaborar com outras entidades, como empresas, associações, instituições, entre outros e é ainda mais importante ser multidisciplinar e congregado».
«As parcerias são importantes para utilizarmos as sinergias de vantagens de todos», acrescentou, reforçando que o evento também acontece para «mobilizar outras entidades para se juntarem a este recurso».
Artur Cristóvão, vice-reitor da UTAD, falou das das transições no mundo atual e da sua importância, dado que estas «desafiam e convocam as organizações para um trabalho de natureza interdisciplinar e transdisciplinar. Como tal, existe uma necessidade de combinar o saber dos atores do plano científico e prático. Esta combinação é essencial».
Isabel Ferreira, secretária de Estado para a Valorização do Interior, arabenizou a iniciativa e destacou a importância das tecnologias emergentes e a compreensão das mesmas. «Perseguir agricultura de precisão, sem desperdício, no local mais adequado e no momento certo revela-se como essencial. A revolução digital terá um impacto considerável no desenvolvimento integrado das regiões. Ações de transferências de conhecimento e tecnologia têm que ser promovidas».
A importância da complementariedade
Ana Barros explica-nos a nova relação entre o CITAB e o INESC TEC, estabelecida recentemente. «Nós somos um centro de investigação muito direcionado para a parte da aplicação e muito direcionado para as cadeias de valor agroalimentar e agroflorestal. Já o INESC TEC é direcionado para as tecnologias. Como tal, começamos a ver que poderia haver aqui alguma sinergia e complementariedade entre estas duas áreas. Estabelecemos um protocolo de colaboração, mas queriamos formalizar o mesmo, o que acontece através deste Congresso».
«O evento está a correr muito bem», realça. «Tivemos inscrições no próprio dia do evento e tivemos uma adesão muito interessante para este tipo de evento».
Durante a sua apresentação, a investigadora Ana Barros divulgou o projeto que atualmente tem em conjunto com a Casa da Moeda. «O equipamento que temos no nosso laboratório, que é único a nível nacional, permite identificar a a autenticidade das matrizes alimentares e se estas foram alteradas. Neste caso, a Casa da Moeda é a responsável pelo selo de garantia de qualidade dos vinhos e, nos últimos tempos, têm tido alguns problemas com adulterações nos vinhos Pera Manca e Barca Velha, os vinhos mais caros a nível nacional. Quando estes são exportados, muitas vezes são adulterados, principalmente no mercado chinês. Com esta colaboração, pretendemos comparar uma garrafa verdadeira com produtos adquiridos no exterior».
A dinamização entre instituições
André Sá, responsável pela área TEC4AGRO-FOOD, destaca a importância de «trazer outras entidades para este ecossistema de inovação» criado pela parceria entre as duas instituições, que estão a dinamizar tal através da participação em projetos nacionais e europeus.
«Atualmente, nós temos cerca de 20 projetos a decorrer nesta área, quer no agroalimentar, quer no agroflorestal», realça. «Juntamente com o CITAB, estamos a promover o projeto INFRAVINI, que pretende desenvolver ma estrutura de dados espaciais para a região demarcada do Douro como forma de mitigar o efeito das alterações climáticas na viticultura. Durante o Congresso, o INESC TEC vem aqui trazer muitas apresentações sobre a viticultura de precisão», afirma André Sá.
«No próximo ano, a nível nacional, vamos continuar a desenvolver projetos com entidades que já colaboramos e iremos participar na Agroglobal e na Conferência Europeia Internacional na Engenharia Rural».
O espaço para crescer e inovar
A primeira sessão do dia contou com a apresentação de Cristina Garcia Viguera, do instituto espanhol CEBAS-CSIC, uma das keynote speakers do evento. A investigadora falou-nos sobre comida funcional e as suas vantagens para a saúde humana. A segunda sessão ficou a cargo de José Maria Tallon, que apresentou a plataforma obesidata. A última palestra do primeiro painel foi apresentada por Ana Barros e focou-se no método espectroscópico para rastreabilidade e autenticação de matrizes alimentares.
A segunda sessão do dia iniciou-se com uma dinâmica palestra promovida pelo investigador internacional Sigfredo Fuentes, da Universidade de Melbourne, keynote speaker, que apresentou as novas e emergentes tecnologias para a agricultura digital do futuro. António Valente, da UTAD, apresentou o sensor LoRaWAN e Samir Mehmeti, do INESC TEC, apresentou um sistema de controlo inteligente para a gestão da água e nutrientes para sistemas de fertirrigação. A sessão encerrou com a apresentação de Pedro Marques, da UTAD, sobre a avaliação do estado da água nas folhas da azeitona por índices de vegetação.
A terceira sessão do primeiro dia ficou a cargo de Alexandra Marques, terceiro keynote speaker, que apresentou as tecnologias digitais para cadeias de valor florestal mais resilientes e sustentáveis, explicando o funcionamento das cadeias de distribuição no setor. Seguiu-se uma apresentação de José Carlos Rodrigues, do ISA, sobre o sistema NIR, e de André Araújo, da Ingeniarius Lda., sobre a conversão de máquinas de campo em ROS. Seguiu-se José Aranha, da UTAD, que apresentou o projeto de monitorização da vespa velutina em Portugal através de um sistema geográfico de informação. A última apresentação do dia ficou a cargo de Thadeu Brito, do IPBragança, que discutiu o sistema de monitorização florestal.
No segundo dia de evento, Rui Soares, da Real Companhia Velha, apresentou as inovações tecnológicas para uma viticultura sustentável na região vinícola do Douro. Luís Santos, do INESC TEC, apresentou a segmentação de caminhos de vinha a partir de imagens de satélite usando a máquina para o planeamento de caminhos e Véronique Gomes, da UTAD, apresentou a avaliação da maturação da uva de vinho através de HSI e inteligência artificial. A sessão foi concluída por Renan Tosin, do INESC TEC, que realizou a avaliação do potencial hídrico foliar da videira antes da madrugada a partir de assinaturas hiperespectrais e pigmentos utilizando algoritmos de aprendizagem de máquina: uma estrutura testada na região vinícola do Douro.
O evento, que se revelou um enorme sucesso, terminou com uma visita de campo à Quinta das Carvalhas, em Pinhão.