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Agrotec

CAP considera que a resposta do Governo às intempéries na região Centro é inadequada

A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) afirma, em comunicado de imprensa, que "para prejuízos confirmados superiores a 20 milhões de euros, o governo responde com 40 mil euros para toda a região", considerando as novas medidas "desadequadas".

Agricultura

Para expor o seu ponto de vista, a CAP dá os exemplos da cereja e da vinha, duas das culturas mais afetadas. "Na zona do Fundão existem cerca de 750 ha de cerejais que pertencem a um conjunto de 130 agricultores (6 ha, em média). Um agricultor com 5 ha, que tenha perdido 50 000 euros, se decidir candidatar-se a esta "ajuda" irá receber, no máximo, 200 euros", explicam. "No caso de se tratar de vinha, muitas delas sem uma única uva para colher em 2020, a “ajuda” desce para metade. Um viticultor também com 5 ha, com prejuízos na ordem das dezenas de milhares de euros, poderá candidatar-se a uma “ajuda” de 100 euros no total".

"Acresce que, para poder receber esta quantia insignificante face aos prejuízos verificados, terá que realizar despesas em adubos ou fitofármacos, conforme estipula o referido Despacho", reclamam.

Segundo a CAP, esta situação "não resolve qualquer problema" e "introduz burocracia numa situação que mereceria respostas eficientes". A entidade defende que a resposta adequada passaria também pela abertura, por parte do Ministério da Agricultura, a candidaturas a ajudas constantes do PDR (Programa de Desenvolvimento Rural), designadamente, para a Reposição do Potencial Produtivo. 

"Adicionalmente, o Estado deveria, no mínimo, entregar à região afetada cerca de 20% das perdas efetivas, ou seja, 4 milhões de euros (100 vezes mais que o valor aprovado). O mero anúncio de uma linha de crédito para quem teve perdas totais só vai agravar o problema, criando endividamento", acrescentam.

Segundo a CAP, o Estado português "não pode assumir, arbitrariamente, compromissos de milhares de milhões de euros para “salvar” ou nacionalizar empresas e demitir-se de apoiar dignamente pequenos agricultores em situação de desastre, agricultores que produzem bens alimentares, exportam e criam riqueza no interior do país".

"O anúncio, em meados de junho, de uma linha de crédito para quem teve perdas totais não desagrava o problema, antes o agrava, criando mais endividamento", acreditam. Por isso, a CAP apela para que o poder político "reflitam sobre as escolhas que fazem e as opções que tomam", defendendo que "a resposta financeira a este desastre climático da região Centro tem que ter uma resposta adequada".