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Agrotec

A trajetória da atual campanha da batata em Portugal

Texto por Sérgio Margaço 
Engenheiro Agrícola e Diretor da Advice.Agribusiness/STET em Portugal

As plantações iniciaram-se no final do outono nas regiões mais precoces e ainda estão em curso, prolongando-se até ao final da primavera nas regiões mais tardias e frias.

As primeiras plantações de batata em Portugal, ciclo extra precoce a muito precoce, ocorreram como habitualmente em dezembro junto ao litoral: na região Oeste (concelhos de Torres Vedras, Lourinhã e Peniche), na Península de Setúbal (concelhos de Alcochete e Montijo), Litoral Alentejano e no Algarve. Nestas plantações, os produtores produzem a batata com destino ao mercado de fresco (mercado livre, sem contratos) e para tal, utilizam predominantemente variedades de ciclos mais curtos/precoces, de que são exemplos: Amarin, Avanti, Bricata, Everest, Triplo e as variedades de pele vermelha – Camel, Royata e Zina Red – em que o objetivo principal é a colheita temporã de batata nova que tradicionalmente tem permitido obter um preço compensador.

Em janeiro e em fevereiro, verificou-se uma concentração de plantações no Ribatejo e na Península de Setúbal, assim como em todos os distritos no Centro e Norte junto ao litoral. Esta concentração verificou-se devido à ausência de chuva o que permitiu que os produtores realizassem a plantação na data desejada, contrariamente ao que se tinha verificado na campanha anterior (2021) em que a ocorrência de chuva no início do inverno, “obrigou” os produtores a escalonarem as plantações em função do estado de humidade que existia no solo.

Os produtores com maior área de produção individual de batata em Portugal, atualmente privilegiam a ocupação das suas parcelas com variedades para processamento industrial (exemplo, a VR 808 ou a nova SHC 1010), mais concretamente para fritura em rodelas/snacks, porque estabelecem previamente contratos de produção com as fábricas. Estes contratos incluem todo o programa, com as variedades autorizadas, quantidades e preços por datas de entrega, assim como outros requisitos em termos de qualidade (calibre, defeitos, matéria seca, açúcares redutores, cor, entre outros), segurança alimentar, preservação ambiental, saúde e segurança dos colaboradores (exemplo: certificação GLOBALGAP-Boas Práticas Agrícolas e GRASP).

A instalação dos campos destinados à indústria, iniciou-se em janeiro e poderão decorrer até ao final da primavera, segundo os contratos de fornecimento estabelecidos. Alguns destes produtores, também contratam produção para mercado de fresco com centrais de normalização e embalagem que fornecem cadeias de supermercados em Portugal e/ou exportam, em que normalmente a plantação está concentrada de janeiro a março.

Nas últimas campanhas (e nesta ainda de forma mais intensa) têm-se verificado uma perda de interesse na maioria destes produtores pela produção de batata para mercado de fresco (inclusive com contratos de preço pré-estabelecido), especialmente para lavar, devido às exigências muito elevadas da qualidade da pele, com ausência de defeitos. Os defeitos na pele em alguns casos geram elevados níveis de refugo (desconto e prejuízo económico) e são causados principalmente por doenças de solo:

• provocadas por fungos: sarna pulverulenta (Spongospora subterranea), Rhizoctonia solani, antracnose (Colletotrichum coccodes), fusariose (Fusarium) e Phytium;

• provocadas por bactérias: sarna comum (Streptomyces scabies) e pé negro ou podridão das lenticelas (Pectobacterium atrosepticum; Dickeya, ex-Erwinia).

Saiba mais na Revista Agrotec 42.