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Agrotec

Invasão de espécies piscícolas predadoras preocupa investigador da UTAD

Atualmente, em Portugal e Espanha assiste-se à chegada de uma nova espécie exótica de peixe a cada dois anos, estando identificadas 20 espécies de peixes exóticos no nosso país.

peixe

Esta situação está a tornar-se deveras preocupante, na medida em que a invasão de espécies exóticas nos nossos rios, quase todas elas predadoras dos peixes nativos, está a colocar em perigo a biodiversidade piscícola.

Rui Cortes, docente e investigador da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), alerta para o facto de alguns estudos realizados em albufeiras mostrarem que «a biomassa das espécies exóticas no espaço de um ano pode aumentar na ordem das centenas de vezes, dando-se a concomitante redução das espécies nativas», pelo que é de temer que, «ao fim de poucos anos, estas sejam completamente marginais nos troços regularizados».

Sobre as espécies de peixes predadoras mais preocupantes, Rui Cortes refere as que são especialmente apreciadas na pesca desportiva, que muito tem contribuído para a sua disseminação: «é o caso do lúcio ou do achigã, esta última espécie foi mesmo um caso de introdução pelos Serviços Florestais e que escapou completamente ao seu controlo, mas outras há, como a perca-sol, altamente predadoras e muito prolíferas, além de tolerantes à contaminação, e que predam sobre as espécies nativas e até sobre as próprias exóticas com interesse na pesca desportiva, como é o caso do achigã».

Mas há também o peixe-gato, que tem sido muito visto no rio Douro e que chega a ultrapassar um metro e meio de tamanho, comendo mais de dez quilos de outros peixes por dia, Rui Cortes esclarece que «temos nas nossas águas três espécies de peixe-gato, assim denominadas pelos longos barbilhos mas que são muito diferenciadas morfologicamente: o siluro, o peixe-gato-negro e o peixe-gato-americano. A primeira é a que atinge maiores dimensões, podendo ultrapassar os dois metros nas nossas águas, mas na Ásia, a sua origem, pode atingir os 5 metros. Na Europa há registos de exemplares com mais de 100 quilos».

E como se pode controlar este fenómeno e os seus efeitos? «A partir do momento em que se altera radicalmente o ecossistema aquático é completamente impossível controlar as espécies exóticas – sustenta Rui Cortes – O seu potencial de invasão é ainda amplificado pela destruição da vegetação ribeirinha e poluição orgânica, já que falamos de espécies muito tolerantes à degradação da qualidade da água. Assim, a conservação das nossas massas de água é realmente a única possibilidade de limitar o avanço das exóticas invasoras».