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Agrotec

Claude Bragard: «A crise atual demonstra o grande impacto que uma doença viral pode ter na sociedade»

Entrevista com Claude Bragard, presidente do Painel de Fitossanidade da Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA). Artigo originalmente publicado na Revista Phytoma.

Sanidade Vegetal EFSA Claude Bragard

Como a situação excepcional afeta seu trabalho?

Claude Bragard: De diferentes maneiras. Numa nota positiva, alimentou novas abordagens e interações no trabalho. Consegui verificar, por exemplo, a eficiência do teletrabalho. A situação atual também sublinhou a importância das interações sociais e a necessidade de manter contatos e vínculos com as equipas de pesquisa. A crise atual também ilustra o grande impacto que uma doença viral pode ter, algo que precisamos aprender. Necessitamos de antecipar os problemas que possam surgir no futuro relacionados a pragas de plantas emergentes.

A EFSA está sediada em Parma, uma área que foi particularmente afetada pelo vírus. Qual o impacto do surto no dia-a-dia da instituição?

A EFSA reagiu com muita eficiência, principalmente porque a instituição estava muito bem preparada para o teletrabalho, para o trabalho online. Isto ocorre, em parte, porque o tipo de trabalho que está a ser realizado, a avaliação de riscos, é adequado para o trabalho remoto. A EFSA rapidamente tomou medidas importantes, como impedir que especialistas externos viessem de fora para Parma ou passar de reuniões físicas para virtuais. Orientação e formação foram oferecidas àqueles que ainda não estavam preparados. A verdade é que fiquei impressionado com a facilidade da mudança.

Até que ponto as medidas de contenção podem afetar o a questão das pragas e a vigilância e o controlo na Europa?

Certamente, espero que um impacto, que, esperançosamente, será limitado. No entanto, é difícil prever como será o amanhã. A agricultura é, e continuará a ser, uma atividade estratégica, mas as medidas que afetam o nível de atividade neste setor variam de país para país. A impressão geral é que os principais problemas vão ocorrer em países vulneráveis, onde pode acontecer uma crise alimentar. Tarefas integradas de gestão e monitorização de pragas são questões-chave para resolver potenciais problemas que possam surgir num futuro próximo.